SANTOS PÉREZ, ANTOM
«Terra a Nossa!» foi umha das consignas
mais recorrentes e significativas da Galiza
do primeiro terço do século XX, umha
bandeira da fachenda coletiva, que implicitamente
reconhecia as origens labregas
dos diferentes estratos de classe e âmbitos
culturais que a abraçárom. Quiçá as suas
origens fiquem no poema rosaliano que,
com este título, aparece em Follas Novas:
um retrato dos padecimentos da Galiza
campesinha e, ao mesmo tempo, a exaltaçom
das paisagens e da língua que foram
desprezadas na imagem espanhola dominante.
A legenda sintetiza o esforço teórico,
cultural e político que todos os agentes
participantes na construçom da identidade
galega moderna vinham acometendo
desde o século anterior, tomando o campo
como base. Através dela, como mostra a
análise de Antom Santos, podemos chegar
a conhecer um campesinismo transversal
que, na realidade, fazia de caixa de ressonância
dos profundos desvelos que chegavam
com os novos tempos. Tempos da
urbanizaçom e a mudança de costumes,
do fim do comunitarismo à política de
massas, dos processos nacionalizadores
em pugna à posta em causa da tradiçom.